Carquejeiras do Porto
Foi inaugurada no dia 23 de março, na sala de exposições da Fundação, uma mostra de artes plásticas organizada pela “Associação Homenagem às Carquejeiras do Porto” e que contou com o apoio da Fundação.
A exposição é composta por pinturas, esculturas e fotografias antigas do quotidiano das carquejeiras, estando patente até 27 de abril.
A “Associação Homenagem às Carquejeiras do Porto”, constituída em 2015, tem por fins, fomentar e divulgar o conhecimento sobre as Carquejeiras do Porto, pelo trabalho árduo desempenhado por estas mulheres, em prol da cidade do Porto.
A Calçada das Carquejeiras no Porto, artéria da cidade assim cunhada em homenagem às mulheres que lhe deram o nome, foi palco durante dezenas de anos de um verdadeiro drama humano, social e cívico, vivido na cidade até à primeira metade do século XX.
As carquejeiras transportavam a carqueja que vinha em barcos Douro abaixo, planta que servia de acendalha para os fornos das padarias que coziam o pão da cidade, aqueciam as casas mais abastadas, e contribuíram para o desenvolvimento da indústria de biscoitos e panificação de Valongo.
Num percurso granítico com uma inclinação de 21 graus, impeditivo da utilização da tração animal, que se ergue ao longo de 210m desde os Guindais na Ribeira do Porto até às Fontainhas, as carquejeiras carregavam a carqueja às costas, descarregada no cais da Corticeira, em molhos de 50 a 60 quilos.
Auferindo parcos salários e praticando um ofício quase escravo, trabalhavam de sol a sol, para prover ao seu magro sustento e das suas famílias. Foi das mais duras profissões conhecidas, com as cascalheiras e as carregadoras de carvão, sal e paralelos, que marcaram o quotidiano da cidade do Porto durante décadas.
Um dos propósitos mais importantes da Associação consiste em erguer uma estátua em bronze de expressão naturalista no cimo da Calçada das Carquejeiras, para que todos os portuenses e cidadãos que visitam o Porto, a possam entender, quer plástica, quer simbolicamente, preservando a memória deste traço sociológico e historiográfico do Porto da primeira metade do século passado.
A Associação tem vindo a proceder a uma campanha de recolha de fundos que permita concretizar este relevante projeto, revertendo o produto da venda das obras expostas de reputados artistas plásticos presentes nesta exposição, a favor da Associação e da concretização deste projeto.
A Fundação Manuel António da Mota não podia ficar indiferente a este apelo, dando assim mais um contributo para que a concretização desta iniciativa se torne realidade.